Sunday, April 29, 2007

BILHETE PARA LUA


K. vive sonhando. É seu ofício. Sonhar é como ficar à beira de um rio caudaloso, esperando que algo belo passe, algo que possa ser fisgado. Um motivo que dê esperança; ou dor. Uma flor no meio de uma metrópole poluida é motivo de poetar. Não há outra saída para K.: escrever. Ir até as vísceras. Mergulhar fundo na alma. Mas o que anda mesmo deixando K. espasmado é uma tal Lua. Misteriosa, alegre, senso crítico aguçado. E K., como recomendava Nietzsche, perguntava como criança: será que ela gosta de mim? Será que ela um dia vai me ver? K. às vezes sentia-se um idiota, começava a rir, sozinho, a ponto dos transeuntes ficar olhando com olhos arregalados para ele. Tomou banho de chuva para ver se, numa espécie de sessão mágica", captasse o ser de Lua. Mas não há mais nada a fazer. Até mesmo ficava rimando pobremente Kundera, bela, Kundera, bela.Tudo depende da Lua. Tudo. Numa insustentável leveza do mistério. (Geraldo Magela)

9 comments:

Patrícia Gomes said...

A lua, Kundera, vem até você todos os dias...
É só prestar atenção e ver a Lentid]ao da Imortalidade dela e do ser que é insustentavelmente leve..
Bjo.

Unknown said...

Oi Geraldo Magela Matias.
Ainda vou em Campinas e a gente se vê, viu.

ericaneiva said...

"Sonhar é como ficar à beira de um rio caudaloso, esperando que algo belo passe". Gostei muito desta frase, assim como de todo o texto. Que a LUA nos alcance no que temos de perfeição... Que Ela proteja a imperfeição que se transforma em vida. LUA no céu dos nossos corações!
Grande abraço, Geraldo.

Alex Oliveira said...

Vivemos um momento lunar... Indutor de sentimentos profundos, insensíveis no seu desespero. Excelente texto.

Kamila said...

voce não vai postar mais não?

Mec said...

As vezes parar e olhar a lua é viver. talvez sonhar acordado é viver mais ainda. Talvez sejamos uma dura e rebatida mistura de sonhos e realidades, quem disséra o que se difere? Nós? ...quem somos nós?

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Grande Abraço

ESTRANGEIRO said...
This comment has been removed by the author.
Unknown said...

Que delícia de texto, suave, suave...
Fiquei com uma imensa vontade de olhar para a lua, mas ela está coberta por essas nuvens que não param de cair...
Desculpe a invasão...
Abraço,
Ana

Diego Nathan said...

escreve mais?