Tuesday, October 17, 2006

NÉCTAR PARA UM EXISTENCIALISTA

Interessante como esqueço fácil, ou mesmo lanço fora poemas, pequenos fragmentos. Sempre inicio textos, mas canso-me fácil deles. Melhor sonhar, divagar; até criei uma expressão: vagamundear. Imagino roteiros de filmes com pessoas que passam perto de mim. Hoje um nome tornou-se minhas hesitações: Mel. Talvez ela esteja sendo guiada por luzes, clarões. Como sou cético, olhei para o azul-imensidão do céu e fiz perguntas.
Era início de noite. Será que ela ama a noite e quer sempre ver o sol nascer e rasgar a penumbra de um quarto, nas manhãs de sábados românticos? Será que poderei mergulhar meu olhar nos olhos dela? E se ela descobrir que sou um Dom Quixote que deseja resolver todas as injustiças do mundo? Fiz essas anotações no coração. A primeira estrela dava o ar da graça no céu. Lembrei de Grande Sertão: Veredas. Lembrei de alguém ao longe, distante. Não, não pretendo rasgar esse bilhete. Nem quero que esse pulsar intenso de curiosidade vire fragmento. Quero a aventura, o desvendamento adrenalináticamente vagaroso, lento, intenso. Tudo isso não passa de eufemismo de colo, aconchego, ternura. (Geraldo Magela Matias)

1 comment:

Cristiana Soares said...

Muito lindo!